Sonho de Muitas Noites com Hamlet
(Uma Declaração de Amor Shakesperiana).

.
.
.
Amo-te, amo-te, amo-te!

Não importa quantas vezes meus pulmões me permitam repetir num único fôlego, ainda será pouco.
E mesmo que eu aspire todo o ar que permite a vida aos homens e animais, ainda me faltará fôlego para que eu repita eternamente o quanto te amo realmente.

Ah, belo príncipe... amado e encantador em tua majestade e tortura. Amo-te pois não há como não te amar. Essa tua loucura que me fascina é a corrente que me prende a ti tal qual a gaiola dourada prende o pássaro que sonha com a felicidade.

Mas não quero libertar-me, amado príncipe... Pois estas grades não são as que podem conter meu amor. Ao contrário! Através delas o sentimento ramifica-se e, como a hera, sobe até a mais alta janela do palácio, e do teu quarto no alto da torre também poderás contemplar toda minha paixão e, quem sabe, colher as flores puras do sentimento que esta donzela te oferece...

Oh! Se tais coisas fossem possíveis! Mas tu és apenas um sonho no mundo encantado de uma criança... O Sonhar é um maravilhoso mundo que pode ser tanto uma dádiva quanto uma maldição: A bênção de nele poder viver todos os seus amores e aventuras sem restrições e sem reprimendas... sem medir conseqüências! O castigo de acordar e ver que nada daquilo foi real e que seu mundo colorido e doce é feito de matéria e átomos frios onde nada do que sonhou jamais realizar-se-á!

Mesmo assim, amado príncipe, em meus sonhos ainda és meu, e somente meu, e neles para sempre te terei ao meu lado. Mesmo neste frio mundo de realidade, nunca deixarei de amar-te... E juro por este céu azul e real como o céu violeta de meus sonhos que nunca o trairei em meu coração...

Amo-te, amo-te e para sempre te amarei!
 

Andrômeda Aino
Escreveu e voltou a dormir...

 
 

Voltar à Página de Textos