.
   Eu encontrei este texto na primeira vez q pesquisei "Hamlet" na Internet... E  tem muitas observações interessantes sobre o tema "morte" nesta peça de Shakespeare. Ele foi feito por um rapaz em 98 q na época cursava letras... é um trabalho para a faculdade dele... O original dele é em inglês e está aqui. Vc tb pode vê-lo na página dele: http://www.geocities.com/Athens/Styx/2902/index.htm. Não consegui contatar o autor (de quem nem sei o nome!) pra saber se ele me permitia usar o trabalho dele aqui, mas aqui estão os devidos créditos, tá? Se por acaso vc estiver lendo isso e não quiser seu trabalho na minha página, apenas mande-me um e-mail q eu o tirarei do ar imediatamente! ^_^

    Desde já obrigada! E parabéns pelo ótimo trabalho! ^_^
.


 

MORTE EM HAMLET

INTRODUÇÃO

    Hamlet é uma tragédia cheia de tensão e ansiedade do começo até o fim. O mundo de buscas, julgamento, vingança, amor, morte e outros temas são muito bem desenvolvidos. Embora seja importante deixar claro que vingança é o tema central, a morte é outro aspecto importante já que não há menos que nove mortes na peça, uma antes de começar e oito durante o curso da ação.

    Na época de Shakespeare, os poetas usavam a morte como um elemento para chamar a atenção do público e deixá-los atraídos pelas tragédias.

    A primeira morte a aparecer na peça é causada por Cláudio [Nota da Tradutora: Cláudio é o nome do Rei. Isso não é mencionado na tradução de Millôr Fernandes.] que mata Hamlet pai, seu irmão, para então casar-se com Gertrudes e ser coroado Rei. As ações de Cláudio sobre Hamlet pai criaram numerosas e imprevisíveis conseqüências que prejudicaram todo o reino da Dinamarca.

    Mas é especialmente o príncipe em si, Hamlet, que é responsável pelo enorme interesse pela peça.

    Hamlet é informado pelo fantasma de seu pai que ele foi assassinado pelo homem que agora é o Rei da Dinamarca e o novo marido da mãe do príncipe. Depois de informar isto a Hamlet, o fantasma o encarrega de vingar este assasinato. Naquele momento, Hamlet aceita sem hesitação mas o resto da peça diz respeito ao processo de Hamlet em levar adiante sua vingança. Hamlet começa a preocupar-se com o pedido do fantasma porque ele está em dúvida se este poderia ser uma aparição demoníaca ou enviada pelos céus.

Ghost: "I am thy father’s spirit" (Act I, scene V, page 41, l. 9)

Ghost: "Revenge his foul and most unnatural murder." ( Act I, scene V, page 41, l.25)

Hamlet: "Haste me to know’t, that I, with wings as swift (...)

May sweep to my revenge." (Act I, scene V, page 41, l. 29-31)

Ghost: "But know, thou noble youth

The serpent that did sting thy father’s life

Now wears his crown." (Act I, scene V, page 41, l.37-39)

    Uma companhia de atores chega ao castelo. Hamlet, esperando assegurar-se da culpa de Cláudio, pede-lhes para encenar O Assassinato de Gonzaga, que ele altera para que fique mais próxima das circunstâncias da morte de seu pai. Ele então se convence do assasinato por causa da reação de Cláudio.

    Após a peça, Cláudio se dirige a um lugar onde ele possa rezar. Hamlet ia usar a oportunidade para matar seu tio, mas matá-lo no momento em que ele estivesse pedindo a Deus que perdoasse seus pecados seria uma dádiva, não uma vingança. Hamlet acha que ele não merece ir para o céu; ele quer que Cláudio sofra da mesma forma que seu pai: indo para o purgatório.

"Now might I do it pat, now he is praying;

And now I’ll do’t - and so he goes to heaven;

(...)

O, this is hire and salary, not revenge." (Act III, SCENE iii, page 133, l. 73-79)

    Naquele tempo os católicos (a maioria dos europeus) acreditavam que havia quatro lugares para onde uma alma poderia ir uma vez que tivesse deixado o corpo: céu, inferno, limbo e purgatório. O último deles é para onde as almas iriam se não tivessem se confessado recentemente e se purificado de seus pecados.

    Após a peça, Gertrudes quer falar com Hamlet sobre seu desapontamento. Hamlet, que sente muito ódio por causa do envolvimento de Cláudio na morte de seu pai e também por seu casamento com o rei, é muito rude com ela. Durante sua discussão, Gertrudes pede ajuda, Polônio, o conselheiro, que está escondido atrás da cortina para poder escutar a conversa, responde, e Hamlet mata Polônio pensando que é o Rei. Polônio morre pagando o preço de seu próprio estratagema. Há uma passagem que ilustra a morte de Polônio muito bem, que significa que ele encontrou sua morte porque ele estava muito ocupado com as preocupações dos outros.

"I took thee for thy better.

Take thy fortune

Thou find’st to be too busy is some danger." (Act III, scene iv, page 137, l.34-35)

    Nós podemos notar que mesmo quando Hamlet sabe que matou Polônio ao invés do Rei, ele não sente culpa. Ele age de uma maneira muito tranqüila, talvez porque naquela época não havia preocupação com o julgamento de crimes. Especialmente se eles aconteciam na realeza.

    Como conseqüência da morte de Polônio, Ofélia, que sempre foi conduzida por seu pai, não pode suportar sua morte. Agora ela não tem mais sua proteção e se sente muito insegura e desolada. Até mesmo seu irmão, Laertes, não está lá para consolá-la. Então, por causa da morte de seu pai e do comportamento de Hamlet, Ofélia enlouquece e comete "suicídio". Sua morte é a menos ostentativa e a mais poética; a forma com que ela morre, nos faz sentir tristes, e não chocados como com as outras mortes.

"O heat, dry up my brains! tears seven- times salt,

Burn out the sense and virtue of mine eye! -

By heaven, thy madness shall be paid by weight,

(...)

After the thing it loves." (Act IV, scene V, page 150, l.152-160)

"One woe doth tread upon another’s heel,

So fast they follow - your sister’s drown’d, Laertes." (Act IV, scene VII, page 185, p.164-165)

    Embora não haja nenhuma evidência textual que sustente que Ofélia cometeu suicídio, já que a peça mantém a hipótese de que ela afogou-se, realmente parece que ela não pôde ver nenhum bom destino para sua vida futura. Sua vida futura só poderia ser a morte.

    Laertes, depois de ser avisado da morte do pai, tenta vingança contra Cláudio, mas ele diz que não teve nenhum envolvimento nesta situação e tenta direcionar o ódio de Laertes contra  Hamlet. Eles ambos planejam matá-lo. Laertes planeja desafiar Hamlet para um duelo onde ele poderia usar uma espada envenenada. Cláudio planeja, em caso de falha, ter uma bebida envenenada à mão.

    Durante o duelo, o combate parece estar indo bem para Hamlet quando sua mãe decide beber à sua saúde; ela bebe o vinho envenenado.

    Embora nós não tenhamos nenhuma evidência na peça, parece que ela havia previsto o vinho envenenado e decide beber para salvar a vida de Hamlet.

    Em uma passagem do Ato V, cena ii, página 221, l. 300-301, parece que ela só soube sobre o vinho envenenado depois de tê-lo bebido.

"No, no, the drink, the drink - O my dear Hamlet -

The drink, the drink! - Iam poisoned"

("Não, não, a bebida, a bebida - Oh meu querido Hamlet -
A bebida, a bebida! - Estou envenenada")

    Mas quando nós lemos esta passagem do Ato V, cena ii, página 219, l. 273, parece que ela já havia previsto, tanto que ela pede a Cláudio que a perdoe, como uma forma de dizer-lhe que ela iria morrer. E parece ser uma escolha dela.

"I will, my lord; I pray you, pardon me."

("Eu beberei, meu senhor; Eu peço a ti, perdõe-me.")

    Hamlet, que já estava ferido e também ferira Laertes, fica muito nervoso e encolerizado após Gertrudes lhe contar que ela estava morrendo porque fora enevenenada. Laertes diz a Hamlet que o responsável é Cláudio. Ele também conta a  Hamlet que eles ambos irão morrer logo, por causa da espada envenenada. Laertes, que estava cego pelo desejo de vingança, morre.

    Laertes, diferente de Hamlet, age por um impulso, ele não havia pensado nas conseqüências. Ele foi um tolo, manipulado por Cláudio.

"Why, as a woodcock to mine own springe, Osric,

I am justly killed with mine own treachery." (Act V, scene ii, page 221, l.287-288)

    Hamlet, em um delírio, avança em direção a Cláudio com sua espada, então lhe força a bebida envenenada garganta abaixo, para que ele pudesse provar de seu próprio veneno. Ele, que havia envenenado Hamlet pai, agora era vingado com veneno, também.

    O rei, por causa de suas ambições, morre e Hamlet completa sua vingança.

    Antes de morrer, Hamlet pede a Horácio, seu melhor amigo e confidente, aquele que providencia as informações necessárias para conduzir a peça, que conte a todos sua história e diga também a Fortinbrás que ele o aprova como sucessor do trono dinamarquês.

    Nós temos o fim de um reino e o início de um outro.

    Outras duas mortes que são importantes mencionar são as mortes de Rosencrantz e Guildenstern, que são mortos por uma artimanha de Hamlet.

    Cláudio percebendo que Hamlet está pretendendo matá-lo, manda o príncipe para a Inglaterra com Rosencrantz e Guildenstern, que levam uma carta pedindo pela morte de Hamlet. Hamlet troca a carta de Cláudio, instruindo o Rei da Inglaterra a matá-los.

    Algo muito interessante em Hamlet está ligado a morte das duas mulheres. Não está claro na história se suas mortes foram de uma forma casual ou se elas cometeram suicídio, e pode ser uma outra forma de concepção das mulheres para Shakespeare: que as mulheres são muito frágeis e não suportam situações difíceis. Nós podemos até mesmo comparar isto com a famosa frase de Shakespeare: "Fragilidade, teu nome é mulher!"

    Gertrudes e Ofélia tem um número de características em comum. Ambas tem vontade fraca e são essencialmente vítimas da ação, mais que participantes dela.

CONCLUSÃO

    Então, como nós podemos ver, Hamlet é sobre traição, assassinato, amor, morte, amizade e também política. Todos esses temas são eternos (universais) em relação à experiência das pessoas e é por isso que a história de Hamlet é tão fascinante até hoje. Ela fala tão eloqüentemente ao século XX como o fez nos séculos XVII, XVIII e XIX. E depois de todas as mortes que nós vimos na peça, parece que na concepção de Hamlet não importa se nós somos inteligentes, ricos, pobres ou se nós temos posses ou não. A morte é a única solução para o dilema de Hamlet.

"That skull had a tongue in it, and could sing once" (Act V, scene i, page 193, l.69)

"Why, e’en so. And now my lady Worm’s;

chapless, and knocked about the mazzard

with a sexton’s spade. ..." (Act V, scene i, page 193. l.80-84)

"There’s another. Why may not that be

the skull of a lawyer? Where be his

queddits now, his quillets, his cases, his

ternures, and his tricks? ..." (Act V, scen i, page 193, l.89-101)
 
 

Voltar à Página de Textos